Assassinato, racismo, drogas, gangues, cenas pesadas... Série de canal fechado? Não mesmo. Série de TV aberta.
Isso são alguns temas "simpáticos" que American Crime, série de antologia da ABC do ano passado, aborda logo em seu primeiro episódio. O foco da série é contar durante cada temporada, uma história sobre algum tipo de crime que ocorre e as repercussões que ocasionam. Nessa primeira temporada, temos o assassinato do ex-militar Matt Skokie e a tentativa de assassinato de sua esposa, Gwen, e partir desse trágico acontecimento temos o desdobramento de várias histórias paralelas ligadas a isso e, pelo que deu a entender, muita coisa podre vai acontecer e segredos obscuros serão mostrados.
Primeira coisa que quero dizer: QUE PILOTO BOM. Claro que não é nível Six Feet Under mas é tão interessante quanto. Aliás, dou uma pausada aqui. Sei que ainda não chegou o momento de comentar a maravilhosa segunda temporada de American Crime, mas queria fazer uma comparação dessa série da ABC com essa lindeza da HBO. Depois do que aconteceu com a série durante a sua segunda temporada, com a abordagem do estupro, fiquei mais pensativo e tô prestes a concluir que American Crime seria a Six Feet Under de nossa década, a seus moldes. Não é melhor que SFU mas o jeito que abordam temas polêmicos, a delicadeza, o cuidado que tem em contar as histórias... Sem falar de que ambas serem criadas por roteiristas que venceram o Oscar de Melhor Roteiro por filmes de levaram o prêmio de Melhor Filme. (Alan Ball, criador de Six Feet Under foi roteirista de Beleza Americana e John Ridley, criador de American Crime foi roteirista de 12 Anos de Escravidão)
Voltando ao foco, o piloto de American Crime é bem interessante. Apesar de alguns momentos ele ser um tanto quanto confuso por ter seu início fora de ordem cronológica, a história de seus personagens foi apresentada de forma espetacular. Me senti preso durante o piloto inteiro.
Vamos aos vários plots que surgiram durante esse piloto, que foram vários. Primeiro de tudo, a família da vítima. Russ Skokie, ex-viciado em jogos e já divorciado de Barb Hanlon (interpretada pela eterna Lynette de Desperate Housewifes), são respectivamente pai e mãe de Matt. Parabéns pela interpretação dos dois. Estavam excelentes. Russ mesmo com toda merda que fez no passado, percebemos nele um pouco de seu arrependimento depois de tudo. Sobre a Barb... não sei porque mas senti um misto de asco e ódio dela. Por mais que ela esteja querendo superar tudo isso, desde seu passado ao acontecimento atual com sua família, Barb demonstra que não consegue isso. Particularmente achei horrível a cena da entrevista, com ela dizendo as verdades do divórcio e de dar pitaco sobre quem deveria ser o assassino de seu filho. Não horrível de mal feita, foi horrível de "Que ódio de você!" Ficava sentindo que "explorava" o máximo do caso de seu filho mesmo estando certa em querer expôr a merda no ventilador e aprofundar ainda mais na investigação do assassino de seu filho. Claro que estava em seu direito de querer saber mais de tudo e contar pra todos mas olha... senti nojo dela nesse primeiro episódio.
Na investigação, apareceram dois suspeitos. Primeiro suspeito, o jovem latino Tony Gutiérrez. Esse foi mais uma infeliz vítima do "lugar errado, hora errada e cara errado". Ele é claramente inocente, gente! Seguiu direitinho (ao menos, tentou) os conselhos de seu pai pra não ficar conversando e se envolver com drogas ou a gangue dos latinos e mesmo assim, deu merda. Muita merda. Emprestou o carro pra Hector Tontz, membro de uma gangue, e o carro foi visto próximo na cena do crime. Foi cruel ele ter sido preso. Ele confessou toda a verdade na frente de todos e ainda assim foi preso sendo um dos suspeitos! Coitado! Mais um que vai sofrer com o sistema carcerário americano. ='( #FreeTony
Outro suspeito, que também não sei se ele é culpado ou não, é o Carter Nix, que vou soltar um monte de coisa sincera aqui: achei o início da história dele mega jogado. Não parecia nada bem encaixado a história dele com a Aubry, sua namorada loira e caucasiana, com os dois nitidamente viciados em metanfetamina e fazendo de tudo pra se drogarem mais e mais, chegando ao ponto do Carter espancar um cara pra ter mais droga e a Aubry querer pagar um boquete pra um avulso só pra ter mais dinheiro pra metanfetamina. Não fazia muito sentido. Bem, até o relato do Hector, que tinha se encontrado com ele na noite da morte do Matt onde segundo o Hector, estava alterado, querendo mais metanfetamina e que iria atrás de um cara branco onde "o branco tava devendo ele". O branco? O próprio Matt. Confesso ter ficado bem surpreso com a revelação do Matt ser um Walter White da vida e vender drogas. Realmente não conhecemos as pessoas direito. Quem diria que um ex-militar fosse chegar ao ponto de ser um traficante de drogas? =P
Agora com os suspeitos pegos, vamos ver se eles tem uma parcela de culpa nesse assassinato ou se são mais uma das vítimas desse infeliz incidente. Os próximos episódios dirão isso. Se todos continuarem nesse nível, podem apostar que American Crime desde seu início é uma série incrível, imperdível e que deve ser apreciada por todos que querem algo de qualidade.
P.S.: O chefe da gangue dos latinos vê Revenge. HAHAHAHAHA XD
P.S.S.: Pensava que iriam aprofundar mais do fato de Carter e Aubry serem um casal inter-racial. Ainda mais com a coleção de fotos de casais inter-raciais da Aubry.
P.S.S.S.: Atiraram feio no Hector por ser latino: sim ou sim? Mais uma vez, a "bela" abordagem dos policiais com a minoria foi mostrada. =C
P.S.S.S.S.: Barb já esbanja preconceito por falar que o assassino era um hispânico ilegal. Sempre me dando nojo ela. ¬¬
P.S.S.S.S.S.: Edição e fotografia do episódio são dignas de filmes oscarizáveis. Parabéns de novo!
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