quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Black Mirror - 2x01 - Be Right Back (Season Premiere)

Uma nova história de amor nos tempos de Her.

   Após algum tempo curto de pausa, já volto com os textos de Black Mirror. E nesse início de temporada, vimos que a série não cansa mesmo de nos prender em suas histórias. No seu episódio inicial, a temática dele me fez lembrar bastante do excelente filme Her mas não voltado para alguém arranjar um parceiro eletrônico mas sim, se comunicar com um ente querido que já se foi... o que deixa tudo muito mais doentio e triste.

   O episódio nos apresenta ao casal Ash e Agent Carter Martha, que no início nem conseguia dar muita bola pros dois, eu confesso. Eles indo ficar na casa dos pais do Ash, Ash sendo em quase toda hora um palhaço mas um palhaço adorável, aquela cena de amor "maravilhosa" e a interessantíssima história de que sua mamis lidou com a morte do irmão dele colocando todas as coisas dele no sótão da casa. Até lá, cagando litros pra história. Então, ele saiu de casa pra devolver o carro alugado e bem... a partir disso já sabia que ele iria morrer num trágico acidente de carro. Dito e feito. Foi a partir daí que o episódio começou a ficar um pouquinho mais interessante pra mim.

   No enterro, tivemos aquela ~amiga~ dando uma dica que quando ouvi, achei muito saudável SQN. Mal a Martha perde seu marido e já vem alguém querendo falar pra ela que tem um serviço muito bom que vasculha todas as redes sociais do falecido, fazendo que uma inteligência artificial simule o próprio falecido, como uma forma de aliviar a situação de morte pro ente querido. Olha... assim como a Martha, fiquei bem incomodado com isso e diferente dela, em momento nenhum eu iria participar algo do tipo. A ideia desse tipo de serviço não é dos piores e nem tem intenção de machucar os sentimentos de qualquer um mas poxa... Acho isso tão cruel e tão triste. Tanto que não está falando com a pessoa em si. Está falando com uma inteligência artificial que apenas pegou as informações que outra pessoa postava. Ou seja, além de não ser o ser humano que conversa com você, é algo que soa muito incompleto afinal, não dá pra colocar nas redes sociais a essência de um ser humano. Eu não queria aceitar isso e dificilmente iria ceder a tentação de usar o serviço assim como a Martha pois afinal, a aceitação da morte de um ente querido infelizmente é algo que temos que saber lidar.

   Voltando agora pro episódio em si e não as baboseiras e opiniões minhas, vimos a Martha realmente não consegue lidar com a morte do Ash e só piorou quando descobriu que está grávida e ele nunca mais poderá ver a filha dele. Depois teve a cena dos emails que vemos que a amiga dela acabou inscrevendo ela pro serviço mas que fica a cargo dela se vai querer responder as mensagens ou não. Olha só que saudável. Como a mente da Martha ainda tava toda abalada, acabou respondendo tudo e olha, não nego que o serviço é bem bom. Simula muito bem o falecido e o jeito de como ele responderia a Martha. Após as mensagens de texto, a Martha fez a "evolução" de poder agora ouvir a voz dele por telefonemas. Até ai, mesmo não gostando do que ela fazia, ainda tava no limite do aceitável. Eles conversando juntos, fazendo um piquenique perto de um precipício onde falavam que as pessoas se jogavam de lá (?). Tava achando isso tranquilinho. Foi quando ela começou a ficar dependente demais com o aplicativo que comecei a pensar que ela tava ficando um pouco dodói.

   ... aí veio a parte dela gastando um dinheirão pra comprar um corpo genérico pra que se transforme num Ash (um Ash-falso pra mim). A parti daí não teve mais jeito, Martha precisava de ajuda e urgente. Como ela iria querer aceitar a morte do Ash se ela agora tem um Ash-falso que é idêntico a ele em aparência, voz e quase que em personalidade? Seria mega difícil. Tava com esperanças altas com ela quando a Martha começou a se tocar que o Ash-falso era realmente... falso. Ele não tinha a essência toda do Ash original. A cena do Ash-falso falando que não gostava do "How Deep is your Love?" enquanto o original falaria que a música é seu guilty pleasure dizia muito isso. Quando a Martha levou o Ash-falso pro precipício citado anteriormente e pediu pra ele se jogar, já pensava que finalmente o luto acabou e ela superou a morte do Ash. Teve muita discussão, o Ash-falso não entendendo o porque dela estar fazendo isso, a Martha falando que se ele fosse o verdadeiro ele estaria implorando pela vida, o robô começando a implorar pra não morrer,... muito drama.

   Passamos alguns anos depois, com a filha da Martha já nascida indo pro sótão comer junto com o Ash-falso. É... a Martha realmente não conseguiu jogar o robô no precipício e não apenas não conseguiu lidar com a morte de seu marido, como vai criar a sua filha vendo um robô simulando seu pai. Parabéns, Martha... Parabéns. Foi um perfeito exemplo do que NÃO fazer pra superar o luto. U.U Mas o que poder esperar de um episódio de Black Mirror, não é? Por aqui, os finais felizes não são tão felizes assim. E mesmo com eu reclamando das atitudes da Martha, não posso condená-la afinal, foi ela que acabou seguindo esse caminho. No seu primeiro episódio de sua segunda temporada, Black Mirror apresenta um ótimo episódio, continua tendo a sua qualidade no topo e mesmo ficando um pouco revoltado com o fim da sua protagonista, achei um ótimo episódio. Até o próximo!

P.S.: A tecnologia desse episódio é algo de chorar de tão bonita que é. Os computadores, os celulares,... queria ter tudo aquilo. Menos esse negócio de comunicar com os mortos, é claro.
P.S.S.: A cena do celular quebrando e a Martha entrando em desespero é a prova máxima do quanto que ficou dependente do Ash-falso. =|
P.S.S.S.: Achei bacana ver que as Leis da Robótica de Asimov ainda prevalecem na ficção. Os robôs não podem machucar o ser humano mesmo que eles peçam. =3
P.S.S.S.S.: Será que Her foi inspirado nesse episódio? Afinal, o filme saiu meses depois do episódio. -N
P.S.S.S.S.S.: A irmã dela viu roupas de homem no chão da casa depois do sexo com o Ash-falso e achou que finalmente a Martha seguiu em frente com a vida. Sabe de nada, inocente.

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